terça-feira, 2 de setembro de 2008

Literatura_ (Kálita Marçal)

Realismo e Naturalismo



1. ASPECTOS GERAIS

a) Duração no Brasil – 1881 a 1893.

b) Obra inauguradora do Realismo – Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis.

c) Obras inauguradoras do Naturalismo – O Coronel Sangrado (1877), de Inglês de Sousa e O Mulato (1881), de Aluísio Azevedo.

d) Mistura – Realismo e Naturalismo misturam-se na literatura brasileira. Não há coincidência apenas de datas; os temas, derivados da filosofia de Tobias Barreto, são comuns às obras dos dois períodos.

e) Guerra ao Romantismo – Realismo e Naturalismo declaram guerra ao Romantismo.

2. ASPECTOS HISTÓRICO-CULTURAIS

a) A burguesia substituiu a aristocracia no poder.

b) A Revolução Industrial trouxe avanço no campo da ciência e da tecnologia.

c) A ciência é exaltada; apregoa-se a ideia de que ela é capaz de resolver todos os problemas da humanidade.

d) Impõe-se as ideias de Darwin (As Origens das Espécies, 1859): o meio condiciona todos os seres vivos, deixando viver apenas os mais fortes. O meio ambiente é capaz de interferir na formação da matéria e do espírito.

e) A teoria do evolucionismo (ou darwinismo) repercute na Economia, na Filosofia, na Política e na Literatura.

f) Nasce, na França, o Positivismo: apegava-se aos fatos, rejeitando qualquer teoria metafísica para a existência e a atuação do homem no mundo.

g) O mundo torna-se materialista, suplantando o subjectivismo pregado no período romântico.

h) As Cartas Filosóficas, de Voltaire: atacam as instituições do clero e da monarquia. Isso provoca a mudança da liderança histórica da aristocracia para a burguesia.

Realismo e Naturalismo

Entre 1850 e 1880 surgiram dois movimentos culturais, Realismo e Naturalismo. Naturalismo é uma ramificação do Realismo e uma das suas principais características é a retratação da sociedade de uma forma bem objetiva. Os naturalistas abordam a existência humana de forma materialista. O homem é encarado como produto biológico passando a agir de acordo com seus instintos, chegando a ser comparado com os animais (zoomorfização), predominou na França e se estendeu pela Europa e outros continentes. O Realismo caracteriza-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais. Os integrantes desses movimentos repudiaram a artificialidade do Neoclassicismo e do Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida os problemas e costumes das classes médios e baixos não inspirados em modelos do passado. O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na arquitetura.
O Realismo e o Naturalismo foram duas reações a mesma realidade, mas com respostas diferentes. No Realismo pode notar um maior comprometimento político em que a arte deveria constituir um meio de denúncia social (Daumier, Millet, Courbet), enquanto que no Naturalismo haveria um menor comprometimento político, fazendo da representação da natureza e do meio rural uma fuga à realidade urbana (Corot, Grupo de Barbizon).
Ambas se interessam pelo mundo contemporâneo: observam a realidade e reproduzem-na com sinceridade.
A estética realista está diretamente relacionada com a Revolução Industrial; os escritores realistas, motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época retratavam o homem e a sociedade em sua totalidade. O crescimento do comércio e o aumento no número de máquinas possibilitaram importantes reformas sociais, as pessoas que participavam do sistema capitalista foram privilegiadas, se beneficiaram com os meios de produção; os trabalhadores que passaram a ser assalariados se encontravam em péssimas condições. A pobreza aumentou, pois sem emprego suficiente, muitas pessoas viviam sem as mínimas condições de vida. Realismo tem, portanto como característica a representação detalhada, da natureza e da vida contemporânea. Sem seguidores eram da sociedade contemporânea.
Eles retratavam as desigualdades da condição humana mesmo com o advento da revolução industrial.
A literatura passou a revelar a face do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum perante os poderosos. O realismo surge nesse contexto, tem como marco inicial a publicação do romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert, em 1857, na França. Essa obra tem como tema a mediocridade da vida burguesa. O romance conta a história de Emma Bovary, essa uma mulher educada tinha como princípios os ideais burgueses românticos. Emma torna-se vítima fácil para conquistadores por causa do enfado com o próprio casamento. Seu fim é trágico, a morte. Essa é simbólica, representa a morte do Romantismo, além de criticar a sociedade burguesa. O Realismo exprime o conflito entre o indivíduo e o mundo, os sonhos e a vida real; revela todas as circunstâncias do momento histórico em que foi produzido.
No âmbito cultural, ocorre uma verdadeira efervescência de idéias. Surgem várias correntes científicas e filosóficas. Entre elas o Positivismo, de Augusto Comte, para o qual o único conhecimento válido é o conhecimento positivo, ou seja, provindo das ciências. Aparece também o Determinismo, de Hippolyte Taine (o comportamento humano é determinado por três fatores: o meio, a raça e o momento histórico.
No campo da ciência Charles Darwin apresenta a "lei da seleção natual", segundo a qual a natureza ou o meio selecionam entre os seres vivos as variações que estão destinadas a sobreviver e a perpetuar-se, sendo eliminados os mais fracos.
Os artistas, diante desse quadro de mudança de idéias e da sociedade, sentem a necessidade de criar uma arte sintonizada com a nova realidade, capaz de abordá-la de modo mais objetivo e realista do que até então vinha fazendo o Romantismo.
O movimento procura atender às necessidades impostas pelo novo contexto histórico-cultural, através do combate a toda forma romântica e idealizada de ver a realidade, a crítica à sociedade e à falsidade de seus valores e instituições (Estado, Igreja, casamento, família); o embasamento no materialismo, o emprego de idéias científicas.
Esse era o mundo real de Millet. O Realismo influenciou muitos artistas. Salvador Dali dizia que a sua obsessão mais forte era Gala, sua esposa, e depois o quadro "Angelus" de Millet.






Os Quebradores de Pedras, de Gustave Coubert, 1849 (Staatliche Kunstsammlungen, Dresden). Este quadro pode ser considerado um manifesto político-social.



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